terça-feira, 4 de setembro de 2012

Próximas Palestras


Próximos treinamentos. Se tiver interesse, entre em contato!

Setembro:

dia 12/09/12: Mudança pessoal e valores. Duração: 1,5h. Local: Smar, em Sertãozinho, às 8h.
dia 13/09/12: Gestão de Talentos. Duração: 1,5h. Local: Smar, em Sertãozinho, às 8h.
dia 13/09/12: Técnicas de Apresentação. Duração: aprox. 3h. Local: Instituto Federal de SP, em Sertãozinho, às 19h.
dia 15/09/12 (sábado): Sustentabilidade. Duração: 1,5h. Local: EAD do Uniseb Interativo, transmissão nacional, às 8h.

Outubro:

31/10/12: Mudança pessoal e valores. Duração: 1h. Local: Rotary Club, Sertãozinho (Associação Recreativa de Sertãozinho, R. Aprígio de Araújo). Horário: 20h.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Cocriar

Peço desculpas pelo título sugestivo desse post... Mas eu tinha que fazer você lê-lo.

Bom, possivelmente você já ouviu falar no sucesso que é a Camiseteria (se por acaso estava em Marte agora nas férias, clique aqui). Imagine você mesmo bolar uma arte para uma camiseta, postá-la em um site em que você está cadastrado e concorrer a R$1.300,00 e créditos para compras no site. Mais ainda, lucrar com as vendas da sua camisa.

Vamos pra outra. Remetendo a Theodore Levvit, no seu artigo de 1960 sobre Miopia de Marketing, quando ele comentava sobre o porquê de as ferrovias americanas estarem perdendo seus clientes para concorrentes que eles nem imaginavam existir, eu lanço uma pergunta para você tentar responder antes de ler a próxima linha: Sabe quem está concorrendo com as montadoras de automóveis hoje em dia?

(tempo)

Bicletas?
Pense fora da caixa.

Transporte público?
Não, você ainda está dentro dela.

Caroneiros!!! Sim, gente que está na sua rota e que lhe interessa bastante - afinal, seus custos de transporte vão cair pelo menos à metade. Se ainda não conhece, clique aqui.

Outro caso muito interessante: o segmento de agronegócios da ITC, na Índia, criou os chamados e-Choupals ("choupal" em hindi significa ponto de encontro), que são quiosques onde agricultores se reúnem para discutir entre si e com a própria ITC sobre o setor. Informações como o clima e a safra lhes são disponibilizadas, e eles podem se queixar, sugerir, opinar e desabafar direto com a ITC. Gerenciando os quiosques estão agricultores com treinamento adequado, que inclusive fazem, muitas vezes, juramentos diante da comunidade de que serão servidores que trabalharão em prol de todos.
Se agora eu lhes perguntasse o que esses três casos têm em comum, você saberia me dizer rapidamente?

tempo...
Tá bom, eu ajudo.
Pessoas. Pessoas dos dois lados: empresa e consumidor. Aliás, não existem lados: isso tem um nome, tem sido estudado já há alguns anos e se chama COCRIAÇÃO.
Citei casos como esses para fugir dos "emblemáticos" como o da P&G, que há um bom tempo já trabalha com criação como um processo que envolve a cadeia de valor inteira. Hoje a P&G já fatura bilhões, junto com seus parceiros, graças a produtos criados conjuntamente. Você sabia que o Nivea Black and White foi criado dessa forma? Eles usaram o processo de netnografia (um trocadilho para estudos de etnografia, só que na internet), para levantar insights de consumidores em mídias sociais. 
O Google lançou, recentemente, uma campanha pela ideia mais criativa do Brasil. Quem ganhar, além de receber uma quantia generosa para startar seu negócio, ainda ganha uma viagem para os Estados Unidos para discutir diretamente sua ideia com a equipe de Marketing do Google. Vejam a campanha e um vídeo muito legal clicando aqui.
Recentemente, tive a oportunidade de assistir a uma palestra fantástica de um dos pioneiros e maiores fomentadores da cocriação no Brasil, Francisco Albuquerque - fundador da Agência de Cocriação (www.agenciadecocriacao.com.br). O conceito do modelo de negócio deles é fomentar a cocriação nas e entre as empresas, com laboratórios de formação de ideias e compartilhamento do conhecimento. O processo de inovação colaborativa que eles adotam tem como background profissionais com bagagem na área de Estratégia e Inovação, bem como a utilização do conceito de Design Thinking.


Nesse processo, o conhecimento, as crenças e valores de cada indivíduo, independente de seu expertise, é extremamente valorizado. David Kelley, o fundador da IDEO, disse em uma palestra que já está acostumado, em sessões de cocriação, a ver executivos se levantando e indo telefonar de seus blackberries. Ao perguntá-los aonde vão, eles replicam que "ah, isso é coisa da área de criatividade, não tenho conhecimento nessa área". E ele defende que todas as pessoas são criativas - é injusto dizer que criatividade é um dom e só a usa quem nasceu com ela. Todos temos níveis de criatividade, especialmente para atuar nas áreas com as quais nos identificamos mais.
É como o Francisco, da Agência de Cocriação, comentou na palestra: 

"as pessoas nem sempre pensam o que falam, falam o que querem, querem o que fazem e fazem o que se espera".

Se a sua empresa não fomenta isso nos seus funcionários, tampouco o fará fora, no mercado; não haverá interação. Sim, eu sei, você deve estar pensando que isso depende do modelo de negócio. Mas tudo depende do modelo de negócio, não?
A questão é: como encaixar a cocriação nele? Não dá mais pra negar a importância da participação coletiva nos processos de inovação, isso é algo latente na sociedade, e que estamos precisando com premência no Brasil.
Querem mais um exemplo do poder da cocriação? Agora eu não conto, apenas peço que entrem no link: http://labs.ideo.com/. Depois você volta pra cá.


Tudo bem. Se a IDEO divulga hoje essas ideias, isso acontece principalmente porque ela virou uma empresa de consultoria. Mas lembre-se que o medo de "copiarem" suas ideias é injustificável - pra isso existem patentes, contratos em parcerias, e tudo o mais. Estamos falando aqui de algo maior. Fazer as pessoas participarem do processo criativo e terem seus créditos no final, quando sobem as letrinhas. Estamos, vamos por assim dizer, no topo da pirâmide de Maslow hoje - por mais que tenham "dourado a pílula" e reinventado a hierarquia das necessidades ao longo das últimas décadas, não tem como fugir dela. O topo trata de realização e é isso que buscamos. Inclusive como consumidores.

Por fim, lanço mais um questionamento (wow, esse post teve mais perguntas que respostas, sei disso): o que falta, na sua opinião, para o Brasil abraçar a cultura da cocriação? Por que tem dado certo fora e aqui em tão baixa escala?


terça-feira, 31 de julho de 2012

O que é melhor: ter maior variedade de produtos ou investir em melhorias nos que você já lançou?


Até que enfim, chegou a hora de você comprar seu tablet. Parece que você já sente até o cheiro de "novinho" quando for tirá-lo da caixa. A felicidade de ter um device como esse lhe faz dar bom dia até para a sra. ranzinza do 13o andar, que todos os dias pega elevador usando camisola, com um yorkshire encrenqueiro que nem ela, e que fica latindo para você sempre que os encontra descendo, pela manhã. Digo, o yorkshire fica latindo. Ela fica quieta olhando sua roupa.


Vamos direto ao ponto, filho?


Muito bem. Vamos ao tablet. Você sai do trabalho na hora do almoço e dá uma escapadinha à loja que costuma comprar sempre seus eletrônicos. Chegando lá, até deixando se comover pelo sorriso do vendedor dizendo "posso ajudar?", pede que ele lhe mostre onde está aquele modelo de última geração que você pesquisou tanto na internet até decidir comprá-lo.
A expectativa é alta. É seu tablet. Novinho.
Só que o vendedor, numa fração de segundos antes de lhe dar a resposta - que lhe parece uma eternidade, faz essa expressão antes de falar:
"Ah, lamento, sr., mas acabou hoje de manhã. Só vou estar tendo uma unidade na nossa outra loja, do outro lado da cidade. Só uma peça. E não trabalhamos com reservas. Melhor você ir. E não temos mais tablet nenhum aqui. E está na hora de eu sair para almoçar".
No seu caso, especificamente no seu caso, pode ser que você saia como um louco desvairado pelas ruas até chegar à outra loja quase no fim de seu horário de almoço. Tudo para garantir aquele modelo específico de tablet.
Agora digamos, para terminar essa sessãozinha de storytelling, que na esquina haja um concorrente com o mesmo problema: falta daquele modelo específico, mas com uma diferença: existem outros tablets com funcionalidades e até design similares.
Pois saiba que há quem iria ao concorrente estudar esses outros modelos e possivelmente sairia de lá com um modelo similar ao que você almejava. Alguém, digamos, menos fissurado que você.
Mas eu só queria meu tablet...
Sim, filho, eu te entendo. Mas pare pra pensar que a maioria dos consumidores enfrenta, principalmente em compras cujos preços e valores agregados das opções são maiores, algo que a psicologia chama de dissonância cognitiva. Você fica maluco e não sabe o que escolher, tendo muitas vezes que abrir mão da emoção e colocar na ponta do lápis qual alternativa lhe será melhor.
E ainda fica com dúvida.
Agora pare pra pensar de quais estratégias de negócios estamos falando aqui. No que é melhor investir? Ter a maior variedade de produtos para consumidores que não são como você, ou ter baixa variedade e investir no aperfeiçoamento de seus produtos, para os aficionados em modelos específicos?
Investir em variedades ou na taxa de mudança de um só?
O livro de Susan Sanderson e Mustafa Uzumeri, The Innovation Imperative - Strategies for Managing Products and Families, mostra que, no processo de gerenciamento do ciclo de vida de produtos e de famílias de produtos, as empresas devem adotar uma estratégia envolvendo dois caminhos: 
1. investir em variedade de produtos - entenda-se aqui variedade de um produto como algo que o faz ser tão diferente de outros que ele não consiga substituí-los. Exemplo: televisão e telefone. Fita adesiva e amido de milho. Creme de barbear e bolacha integral. Cite-se como exemplo o caso da empresa americana Stanley Hand Tools, fabricante de ferramentas para trabalho com madeira e outras manuais. Eles possuem mais de 1.500 SKUs, e em quase 20 anos surgiram apenas 50 produtos novos. Isso quer dizer que eles investiram pesadamente, ao longo do tempo,  em variedade de produtos. Hoje o foco é outro: aperfeiçoar os já existentes, que é o próximo item.
2. investir em mudança no que já existe - existe, em todo canto, o perfil de consumidor tão apegado a determinados produtos que o surgimento de novos tem pouca influência em suas atitudes de compra. O mais importante, para ele, é que esse produtos evoluam, ganhem novas características. A última atualização do World Factbook da CIA fala que o novo consumidor brasileiro, que ganhou muitas força nos últimos dez anos, prima por produtos e iniciativas corporativas sustentáveis. Assim, muitas empresas têm investido em mudanças nesse sentido, seja em embalagens, seja em processos produtivos, ou até mesmo em seus modelos de negócios.
Voltemos ao exemplo do consumidor que só tem uma hora para comprar seu tablet. Se ele não se importar com fato de o modelo específico que procura não estar disponível, e decidir ir à loja da esquina, que possui uma infinidade de outros modelos parecidos, ele caracterizaria um perfil de consumidor relacionado ao item 1. Um consumidor que prefere variedade.
Por outro lado, se ele quer aquele, e só aquele modelo, seu perfil vai mais para o lado dos produtos que evoluem ao longo do tempo, e "nenhum outro os substitui" - item 2. Para que exista um mercado com baixa variedade de produtos e alta taxa de mudanças, três elementos devem existir:

a) Um mercado com poder de demandar constante atualização e melhoria dos produtos;
b) Um único approach tecnológico sobre o mercado e
c) Forte resistência do mercado à existência simultânea de duas ou mais famílias de produtos.

Leve-se em conta, também, que cada pessoa tem, na maioria dos casos, uma mistura desses dois comportamentos, se levarmos em conta variáveis como ambiente, situação de compra, tipo de produto etc. Mas não vamos nos aprofundar tanto assim.
Bom, a grande sacada aqui é que, se pegarmos o que há de melhor em cada firma no que tange aos pontos ideais de investimento em variedade ou taxa de mudança, obtemos uma "curva limite" como mostrada no gráfico abaixo. Ela é representada pela linha cheia.




Sendo que, no eixo vertical, temos o nível de investimento em variedade de produtos/famílias de produtos, e no horizontal, na taxa de mudanças.
Repare que a empresa A adotou uma postura de investir mais no cliente que opta por ir na loja da esquina. A C, no que atravessaria a cidade para buscar o modelo específico do tablet. A empresa B adota uma estratégia moderada, com um mix de desenvolvimento bem equilibrado entre ambos os caminhos.
Vale lembrar também que ninguém consegue ultrapassar a linha cheia - ela é simplesmente o que todas têm de melhor em termos de estratégia. O que acontece é que o mercado vai empurrando essa linha cheia para frente, e as empresas vão indo juntas.
Para cada estratégia existe um perfil de consumidor, outro de fornecedor, outro de processo. Veremos isso no próximo post.
Assim, respondendo à pergunta da chamada desse post, o que é melhor, na verdade, é balancear seu modelo de negócio entre a variedade e a mudança, e principalmente saber em que ponto da curva acima seu negócio está posicionado.

sábado, 30 de junho de 2012

Os três pilares da mudança de paradigma

Essa semana tive o prazer de apresentar e discutir no mestrado, com meu amigo doutorando Eduardo Chaves, um livro da psicóloga Maria José Esteves Vasconcelos, que se chama Pensamento Sistêmico: o Novo Paradigma da Ciência.O livro é fenomenal. Impressionou-me e abriu muito minha mente. Ele começa explicando os conceitos de paradigma (nossas regras para o mundo e como o enxergamos, baseados em nossas crenças e valores) e epistemologia (que é o processo de conhecer e de gerar conhecimento e, numa visão mais restrita, nossa visão do mundo, confundindo-se com o primeiro). Fala da história da ciência no que tange à geração de conhecimento, depois aborda os paradigmas da ciência tradicional e, por fim, fala dos novos paradigmas, finalizando o livro ao abordar os conceitos e as interligações entre a Teoria Geral dos Sistemas e da Cibernética.

Vamos para os exemplos práticos?

Um homem trafegava por uma via de mão dupla e, no sentido contrário, passou uma mulher noutro carro, com a janela aberta e gritando: "PORCOOOO!!!"

Automaticamente o homem retrucou: "VACAAAA!!!"

Mais alguns metros à frente ele atropelou um porco, que atravessava a estrada. 


Assim como este infeliz cresceu aprendendo que ao ouvir um xingamento deve-se retrucar à altura, nós também fomos em nossas infâncias cercados de certos, errados, bonitinhos, maus, perigosos etc. Recentemente ouvi em uma palestra que o ser humano hoje tende a romper com as autoridades externas - pais, professores, chefes, religião, opiniões. Com isso, a humanidade passa hoje por uma busca interior e um processo de autoafirmação mais intenso. Entretanto, crescemos aprendendo sobre o modo de pensar dos outros. O que é bom, ruim, feio ou bonitinho para nossos pais, professoras etc., será para nós o resto de nossas vidas. Assim, além de perdermos as referências externas, descobrimos que não nos conhecemos como deveríamos, e começamos a perceber o tamanho e a complexidade da "busca pelo eu". 

As ciências não fogem disso - afinal, estamos falando sobre pessoas all the time. Trazemos de 400 anos "um jeito" cartesiano (ou newtoniano) de pensar. E esse jeito é fundamentado em três pilares:



1- Simplicidade


Sempre tentamos simplificar as coisas em "blocos menores", uma coisa por vez. As relações entre as coisas são causais e lineares: se X causa Y e Y causa Z, então X causa Z. Quando a gente esbarra com um problema "daqueles", chegamos até a pensar se não erramos em algum desses bloquinhos, pois "chegamos num beco sem saída". Esse beco sem saída tem nome, e se chama complexidade.

O novo paradigma da ciência, o pensamento sistêmico, traz a complexidade como o substituto da simplificação das coisas. É impossível achar que dá para simplificar tudo. Aliás, a complexidade sempre existiu, mas percebê-la e admiti-la é a novidade. Até então, nossa postura, ou melhor, nosso paradigma é achar que "bom, isso aqui não é da minha área, que é a de ciências humanas - vamos deixar para os engenheiros, ou para os economistas". O que chamamos de equipes multidisciplinares muitas vezes não passa de um aglomerado de especialistas que não agem entre si como um organismo maior.

Eu vejo a geração Y como um ótimo exemplo do que é saber lidar com a complexidade. Eles lidam com a complexidade do fazer diversas coisas ao mesmo tempo, com o entender a lógica de softwares através de uma intuição absurda (para nós!), e assim por diante.

Enfim, a simplicidade obscurece muitos objetos que poderíamos estudar com mais profundidade em nossas vidas.


2- Estabilidade
O mundo, parafraseando nossos amigos cariocas, "já é". E essa ideia tem seguido a ciência tradicional, de que muitas coisas se repetem com previsibilidade e muitas vezes. Procura-se a repetibilidade para estabelecer-se controle. Para "levar-se isso ao laboratório".
Entretanto, o mundo está em constante processo de "tornar-se". Fenômenos podem ser imprevisíveis, irreversíveis e incontroláveis, e a abordagem para analisá-los deve mudar. Novo paradigma da instabilidade.


3- Objetividade
Não escrevi o título "Os três pilares da mudança de paradigma" à toa. Fiz isso pelo mesmo motivo que as revistas das bocas de caixa de supermercado nos atraem como ímãs ("Perca 7 kilos em duas semanas"). Números sempre nos atraem, sempre dão a impressão de que o assunto é cientificamente comprovado (esse aqui é, viu?). E se você, ao final das duas semanas, não perdeu os 7 kilos, bom, a culpa é sua, não da revista. Pois é cientificamente comprovado.
Isso data dos idos de Renée Descartes, de Sir. Isaac Newton, de Galileo. A cientificidade da física brada pelos quatro cantos do mundo como sendo suprema, por ser exata. Por isso, o que não é provado por números, é subjetivo, complicado e, enfim, deixa para os sociólogos, psicólogos, filósofos. Mais ainda, devem-se observar os fenômenos de fora deles, para um maior entendimento, separando o objetivo do ilusório, "colocando o subjetivo entre parênteses".
O novo paradigma aqui é a intersubjetividade. Fato é que não existe uma realidade independente de um observador. Assim, a objetividade deve ser posta entre parênteses, e múltiplas versões da realidade devem ser admitidas. A interpretação de um fenômeno vai, obrigatoriamente, carregar traços das crenças e valores do observador, pois eles entremeiam a maneira como ele os decodifica.
Simplicidade, estabilidade e objetividade são construtos amigos das exatas, meio amigos das biológicas e inimigos das humanas. Com o novo paradigma, complexidade, instabilidade e intersubjetividade são inimigos das exatas e das biológicas, e amigos das humanas.
Então é isso: complexidade, instabilidade e intersubjetividade. Esses são os três pilares do novo paradigma da ciência, que é o pensamento sistêmico.
Bela proposta.
E no final das contas, se você quer saber quais são as fronteiras de seus paradigmas, experimente se perguntar:

"O que eu acho impossível fazer hoje mas, caso fosse possível fazê-lo, mudaria minha vida?"

Quando fiz essa apresentação, um coordenador de cursos de uma faculdade em Ribeirão me disse: "Mas é impossível você não separar as coisas em pedaços menores para analisá-las uma a uma!". Prontamente eu voltei ao slide com a pergunta acima, e ele concordou comigo apenas sorrindo.
Paradigmas...
Em tempo: em nenhum momento a autora - muito menos eu - quer desmerecer o paradigma tradicional da ciência. Foi ele que nos fez chegar até aqui.
Mas mudar faz parte da gente. E a mudança está acontecendo.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Edite imagens e faça acharem que você não usou o Power Point

Muita gente fica admirada com os slides das apresentações que eu faço. Perguntam se é o Power Point, mesmo, se eu comecei a usar o Prezi, e assim vai.
A verdade é que eu invisto em imagens. Pra valer.
E se você quer impressionar, realmente não precisa de muito. Tudo bem que eu  prefiro desenhar algumas coisas no Corel quando a grana está curta - estou comprando uma mesa digitalizadora pra facilitar minha vida, inclusive. Mas geralmente eu compro imagens, tiro fotos e edito tudo na internet.
E o melhor: sem Photoshop. Nada contra ele, todo mundo sabe o estrago que dá pra fazer com um Photoshop. Mas atualmente a internet está recheada de ferramentas para facilitar seu trabalho com imagens. Mais que isso: você não precisa ser O CARA na edição de imagens, basta usar sua criatividade e, se estiver sem ela, usar a própria web para ter ideias.
Seguem algumas dicas:


Estilo de Slides:
Inscreva-se no slideshare.com e tire diversas ideias de lá. Recentemente eu fiz uma apresentação estilo "retrô", mantendo ao longo de todos os slides desenhos que comprei e fotos que editei. Tive essa ideia navegando nesse site. Começar pelo jessedee é uma ótima. Eis a capa:



Compra de Imagens:
Se você trabalha com isso, talvez seja interessante parar um pouco de baixar imagens do Google all the time (aliás, quando você o fizer, faça o favor de ativar o filtro de tamanho de imagens à esquerda, selecionado somente as grandes).
O gettyimages.com e o istockphoto.com se uniram e hoje possuem o maior acervo de imagens à venda na net. Só que você vai pagar um pouco mais caro por elas. Elas são fantásticas, mas calcule sua margem para não dar um tiro no pé.
Na minha opinião, o fotolia.com é o melhor custo/benefício de todos. Com 120 reais, aproximadamente, você compra umas 30 imagens e pode usá-las pra muita coisa depois, além de aplicá-las em sua própria apresentação. A imagem acima, do carinha vintage com a mão no queixo, eu comprei lá. Recortei o fundo e fiz o sun effect retro no Pixlr-o-matic, que é a próxima dica.


Fim do Photoshop para Amadores
Pois é, todo mundo sabe o quanto um Photoshop ou um Corel Photo-Paint podem ajudar. Todo mundo sonha em poder usar aquele clone stamp no seu narigão, ou na sua celulite, pra fazê-los sumir.
Mas se você é amador, como eu, e não tem tempo pra aprender a mexer no Photoshop, a boa notícia é que cada vez mais surgem novos sites para edição de imagens. Seguem alguns:


* befunky.com 
Site muito bacana, nele você pode aplicar efeitos artísticos nas fotos, bem como editá-las. Além disso, é possível adicionar molduras, bichinhos, balões, entre outros. Possui aplicativo para o Android e Facebook.




* pixlr.com/o-matic/
Esse foi o segundo que comecei a utilizar. Nele você pode selecionar fotos do seu computador ou da sua própria webcam, podendo inclusive baixar o software no site. 
Tem muitos efeitos de camadas sobre imagens, sejam elas de paletas de cores, sejam de areia, luz, água, retrô, papel envelhecido, rastros de laser que caminham pelas fotos, simulação de gotas d'água na câmera etc. Além disso, você baixa molduras normais ou com efeitos especiais.


* picmonckey.com
Meu favorito a partir de hoje. Dá pra fazer, além de muita coisa dos dois anteriores, coisas como inserir textos, texturas de pele, remover rugas, clarear dentes. Um verdadeiro embelezador. 
Não que eu precise. Estou falando das imagens que trato.
Além disso, você faz colagens como no Picasa, e depois de editar ainda pode ir no Befunky aplicar mais efeitos.
Vejam uma edição que fiz de algumas fotos no picmonkey. Sem exagero, fiz tudo em 2 minutos, da hora que acessei o site até o momento de salvar a imagem final. Colo uma das fotos originais para você ter ideia do tratamento.


original




tratada no picmonkey


mais um exemplo

* advanced.aviary.com
Esse aqui acabou de sair do forno, e ainda não mexi muito. Mas é tão completo, que você pode editar não só imagens, mas também vetores, capturar telas de sites que não o permitem e, believe me, editar áudios e criar músicas!!! Talvez daqui a pouco tempo eu ache que me empolguei à toa, mas por enquanto isso realmente é novidade.




Agora pense quanta coisa legal dá pra fazer. Em uma apresentação recente sobre linguagem corporal, na hora que vou falar sobre mentirosos, fiz slides com fotos minhas, tratadas no Pixlr. A ideia era ficar ridículo, mesmo. Mas comparem original e tratada.


original


tratada


NOTA: Agradeço ao meu querido amigo Guilherme Santos - o cara dos blogs, das imagens e das ideias - pelas suas preciosas dicas sobre tudo o que você leu acima.

domingo, 6 de maio de 2012

Avaliamos da melhor forma? Como o EaD pode ajudar?

Quem nunca passou pela situação clássica de, ao terminar uma prova, entregá-la ao professor e, chegando na porta da sala, lembrar-se de uma palavrinha ou uma fórmula errada que escreveu. Voltando ao professor, o aluno pergunta se pode corrigir essa "derrapada" no teste que acabara de entregar, e o professor diz que não, pois a chance que ele teve já se fora. Agora era tarde demais.
Na vida real é assim? Possivelmente algumas vezes, mas a maioria das decisões diárias que tomamos não nos levam a resultados trágicos, de vida ou morte. Ainda mais gerentes e diretores, em suas pequenas e inúmeras decisões diárias, operacionais ou estratégicas.
Quer dizer... O nosso sistema de avaliação na maioria das escolas e faculdades é adequado às nossas práticas profissionais? Ou estamos um pouco defasados? As avaliações no nosso ensino, ditas "somativas", avaliam somente ao final do curso o quanto os alunos adquiriram de conhecimento - muitas vezes nem os permitindo dissertar acerca do que foi ensinado, pois muitas provas terminam sendo de múltipla escolha.
A Educação a Distância (EaD), em seu conceito mais moderno, está revirando de ponta-cabeça e do avesso os estilos de avaliação. Isso porque controlar turmas de 2.000 alunos sem um professor em sala é um pouquinho mais complexo do que se imagina. Assim, é necessário um feedback crônico ao longo do curso, para que se atinja com propriedade o objetivo proposto inicialmente pela instituição de ensino contratada. Com avaliações constantes (função "formativa"), é possível medir o nível de aprendizagem do aluno com maior frequência, maior qualidade e de forma mais crítica.
No vídeo abaixo, gravado no estúdio de EaD  da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto, explico uma breve história do EaD e começo falando da avaliação nele. Em posts seguintes, mostro colegas finalizando a aula.
(Meus agradecimentos à prof. mestra Vanessa Riscifina e à prof. dra. Irene Kazumi Miura).


http://youtu.be/Y8mwKCmsbjE

segunda-feira, 5 de março de 2012

Natureza Humana e Valores

Nossa natureza básica não muda. Falo sempre que por trás de nossas ações e pensamentos existem os nossos valores. Um colega da empresa me perguntou "mas você pode me definir o que são valores?".
Nunca tinham me perguntado isso, sendo que eu já havia mostrado esse slide em uma quantidade sem fim de palestras. Sempre focando em valores, falando de re-significá-los, de compreendê-los. Ele é engenheiro, e atua como tal...Eu sou e não atuo, mas isso me relembrou como é fascinante ser da área de exatas, como nossa necessidade de racionalizar vicia.
Pus então os resquícios que me restam de engenheiro para codificar algo que, para mim, é extremamente relativo, abrangente, humano...
Eu respondi que valores são diversas coisas (situações, pessoas, objetos, jeitos de ser) que norteiam nossas decisões e nossas atitudes, que delineiam nossa maneira de pensar. São a fronteira desenhada da nossa psique. O jogo acontece dentro dela.
Ele me pediu então para definir coisas. Apelei: são os substantivos concretos e os abstratos. Hehe.
Estou escrevendo este post com o objetivo de lhe proporcionar um momento de reflexão. Você conhece seus valores?
Se você os conhece, passa a ser mais fácil decidir, mais fácil aceitar, mais fácil entender e mais fácil mudar.
Mas aí fica a dica: escreva em um papel, ou digite. E isso deve recorrente, porque a vida passa e nossos valores assumem outra roupagem; alguns passam a ser mais importantes e outros adormecem.
Enfim, a maneira como você aprendeu sobre o mundo, o heroi que seu pai foi para você durante a infância, as brincadeiras que você brincou, o primeiro beijo, o trauma de ter perdido alguém, tudo isso lhe construiu. Mudar essa estrutura exige, biologicamente falando, que novos caminhos se formem pelas sinapses de seu cérebro. O esforço, acredite, é absurdo e demora. É exatamente (repito, biologicamente falando) o esforço que uma pessoa sem os dois braços tem de fazer para aprender a escrever com os pés. Por isso sempre digo que mudar valores requer um trauma muito grande, um novo sentimento muito forte e contínuo ou uma força de vontade absurda.
Não dá pra mudar, então?


Eu digo que é muito mais fácil entender seus valores e reavaliá-los. As mudanças podem vir do entendimento acerca de como você é por dentro. De quais são seus valores.
Você precisa mudar? Antes disso, você precisa re-significar? O quê?
Vamos exagerar na metáfora, pois ninguém em sã consciência faria isso, mas olhem que bacana: certa vez, um mestre seguia com seu discípulo por uma mata, e viu um escorpião que se afogava em uma pequena poça d'água. Tentou retirá-lo, e foi picado. O mestre o largou na água, e tentou pegá-lo novamente. O escorpião o picou de novo. Na terceira tentativa, o discípulo disse: "o mestre não vê que será picado de novo se tentar ajudá-lo?"
Ao que o mestre replicou:
"A natureza do escorpião é picar. E isso não vai mudar a minha, que é ajudar". Pegou uma folha e terminou de salvar a pequena criatura.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Elevator Pitch Definitivo


A situação é a seguinte: você está desesperado por uma ascensão profissional, entra num elevador da companhia e dá de cara com o presidente. Ele lhe pergunta: "E você, meu jovem? Que faz aqui na empresa?". Num espaço curtíssimo de tempo você terá de se apresentar, dizer o que faz e mostrar que tem potencial para alçar voos maiores.


Você teria uma resposta?




Se você é como a maioria dos empreendedores, provavelmente vê o elevator pitch como um discurso de vendas de um a três minutos que você vai fazer durante uma breve “viagem” de elevador. Mas vamos pensar, o quão próximo da realidade é uma situação como essas?
Vamos começar com um fato elementar: ninguém escuta discursos de venda. (Você os escuta? Eu não. Ainda mais se eles estiverem vindo de algum intrometido que acabei de conhecer).
Para piorar, quando a maioria dos vendedores faz seu elevator pitch, eles falam muito, muito rápido de modo a abarrotar quem os ouve com o máximo possível de informações, no menor tempo possível.
Em vendas profissionais, isso é conhecido como “spray and pray” (algo como “borrife e reze pra dar certo”). Não é somente um método ineficaz, mas é algo extremamente irritante, especialmente quando a outra parte não quer ouvir.
Posto isso, você é maluco se ainda não criou um elevator pitch. Ele não é um discurso de vendas, mas uma forma de transformar uma conversa casual em uma oportunidade de vendas.


O QUE ELE REALMENTE DEVE SER
A ideia original por trás do elevator pitch era que ele viesse com um conteúdo a um cliente potencial que você, casualmente e por pura sorte,  poderia encontrar em um elevador.
Considerando que o cenário do elevador é um tanto quanto estranho, não há dúvidas de que conversas casuais NÃO possam se transformar em oportunidades de negócio reais dentro dele.
Bob Carr, CEO da Heartland Payment Systems – um dos maiores processadores de compras por cartão de crédito dos Estados Unidos – disse ao jornalista Geoffrey James, certa vez, que ele vendeu uma ideia de seu novo negócio a um investidor em um casamento.
O elevator pitch real apresenta você e sua oferta de uma maneira casual e socialmente aceitável. Isso significa: SEM DISCURSO DE VENDAS. Ponto.
Assim, introduza você e sua empresa em um contexto natural de uma conversa. Aqui vai como fazê-lo.


1. POSICIONE SUA EMPRESA
Essa é uma sentença única feita “artesanalmente”, que vai descrever quem você é e o que você entrega aos seus clientes. É o que você deve dizer quando alguém lhe pergunta: “Então, que você faz para ganhar dinheiro?”. Aqui estão alguns exemplos:


"Empresas de varejo usam nosso software e serviços para treinar seus funcionários, proporcionando aumentos médio de vendas da ordem de 10%".


"Em um período de um ano, nossos clientes basicamente economizaram 10 vezes mais dinheiro do que se estivessem investindo em treinamentos avulsos à equipe de vendas”.


"Nós ajudamos empresas de startup a acontecerem, estabelecendo uma ponte entre elas e anjos investidores, para que economizem em até 80% do capital de investimento inicial”.


Veja, em todos os casos as respostas quantificaram os benefícios aos clientes, e foram definitivamente relevantes para seu cliente em potencial. Repare que todas elas foram sucintas o suficiente para serem aceitas em uma conversa social.
Quando você posiciona sua empresa dessa forma, a pessoa com a qual você está conversando vai (1) expressar desinteresse ou (2) expressar interesse. Se acontecer a opção (1), então ela não é um cliente em potencial. Então deixe pra lá.
Se acontecer de a pessoa apresentar interesse (2), fazendo alguma pergunta do tipo “como você consegue esse tipo de resultado?”, procedamos ao segundo passo.


2. DIFERENCIE SEU NEGÓCIO
Mostre por que você sabe ganhar dinheiro


Se a pessoa apresentou interesse na proposição de sua sentença (a do passo 1), sua tarefa agora é mostrar a ela por que você e sua empresa são únicos e diferenciados da concorrência. 
Faça isso revelando um ou dois fatos que provam que você é único. Exemplos:


"É que nós temos uma metodologia única e um software proprietário baseado em pesquisas científicas que desenvolvemos com uma equipe do MIT, nos Estados Unidos".


"Investimos em coach às equipes porque já obtivemos resultados que mostram que o Retorno sobre o Investimento acontece até um ano antes com esse método personalizado".


"Nós temos um número sem fim de contatos porque somos os criadores da Associação Nacional de Empresas de Startup. É o primeiro lugar que os investidores procuram”.
Repare que os exemplos são as continuações, respectivamente, dos itens do passo 1.


3. ABRA UMA CONVERSAÇÃO
O elevator pitch é seu, mas pare de falar e ouça o pitch do outro também.


Considerando que, depois disso, ainda há sinais de interesse, faça uma pergunta aberta e definitiva para descobrir se a pessoa é realmente uma compradora em potencial ou se ela simplesmente está sendo polida.


"Só por curiosidade, que necessidades você tem nessa área, no seu negócio?"


"Parece que você ficou surpreso. O que lhe interessou, de tudo o que eu disse?"


"Bom, chega de falar de mim! Como você lida com esse tipo de problema em sua empresa?"
Viu? Não há por que se encher de dedos para perguntar. Isso é um mal de brasileiros. Garanta que a pergunta é aberta e arrematadora, de modo que não possa ser simplesmente respondida com um sim ou um não.


4. MARQUE UMA REUNIÃO
Se você seguiu esse passos até aqui, deve ter gasto por volta de 40 segundos na conversa inteira (ou seja, incluindo as falas da outra pessoa). Se faz sentido que essa conversa continue, agora é hora de agendar uma reunião para discutir sobre esse assunto com mais detalhes. Em seguida, deixe de lado a conversa sobre negócios e comente sobre o quanto a noiva está linda. Afinal, seu cliente em potencial quer curtir a festa. Você acha que não?
Dois approaches básicos:


Se a pessoa se mostra cética ou hesitante, pergunte:
"Se você realmente tivesse condições de [insira aqui algo de valor ao cliente], que acha se pudéssemos ter uma conversa inicial sobre isso?


Se ele se mostra entusiasmado:
"Eu gostaria de ter uma conversa com você sobre [insira aqui algo de valor a ele]. Como consigo fazer parte de uma manhã da sua agenda?"
Simples assim. Sem discursos-relâmpago de vendas. Tudo dentro de uma conversa bastante sociável.


Em tempo 1: “O cara” se chama Barry Rhein, um guru das vendas, expert em elevator pitches. O texto que você leu baseou-se (fiz adaptações para o português) em seu programa de treinamento virtual Selling Through Curiosity(TM), e também no texto do jornalista Geoffrey James, autor de How to Say It: Business to Business Selling.


Em tempo 2: faça um teste de seu potencial como vendedor em uma simulação de um telefonema, no seguinte link: http://sellingthroughcuriosity.com/saleschallenge.html .

Em clima de comemoração!

Fui convidado para ser professor de MBA na FGV Management!
Clima de festa!
Obrigado a todos que sempre me apoiaram, e a Deus antes de tudo.


MV

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Definição de Inveja

"Invejoso? Eu?"


Curioso...Geralmente pensamos que a inveja acontece quando alguém, que não tem algo, quer esse algo que temos.
Um conceito mais amplo e que justifica muitas situações na nossa vida profissional:


Inveja, na verdade, é quando alguém não tem algo que temos e, pior ainda, não quer que o tenhamos também.

Exemplo de algo que pode desencadear a inveja: seu sucesso. E o mais interessante disso tudo é que é mais fácil termos inveja dentro dessa conceituação, pois não conseguimos entender (ou pelo menos admitir) o sentimento de que não queremos que alguém tenha sucesso. É fácil administrar o "não querer as coisas do outro", e consequentemente dizer "não me considero uma pessoa invejosa".
Mas imaginar que não queremos o sucesso de alguém chega a ser repudiante dentro de nós mesmos...E por acharmos que somente monstros fazem isso, nos eximimos da culpa.

Profundo e prático.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sobre dizer não, inclusive para si mesmo

Uma vez ouvi que caridade às vezes é uma forma de egoísmo. Eu achei isso estranho por muito tempo - quem comentou isso justificou-se dizendo que fazemos um bem a alguém porque não gostaríamos que acontecessem conosco as dificuldades por que passam as pessoas que ajudamos.
Mas aí um padre, certo dia, comentou que no meio de uma missa - que ele mesmo celebrava - entrou um bêbado, maltrapilho, para pedir esmola. Isso já vinha acontecendo há algumas celebrações, e esse padre só observava a reação das pessoas. Uns se incomodavam com o mal cheiro, outros fingiam que não era com eles, e outros davam moedas sem sequer olhar para o rapaz.
Nesse dia, o padre resolveu falar, enquanto alguns davam dinheiro ao mendigo.


"Me desculpem a franqueza. Mas vocês vão todos para o inferno. Isso não é caridade. Nem com eles, nem com vocês"

Palavras um pouco fortes, o padre mesmo admitiu isso quando conversamos. Mas ele fez isso de propósito, para despertar naquelas pessoas o que ele despertou em mim quando me contou esse caso: não sabemos fazer caridade, tantas vezes. Inclusive conosco.
Aquelas pessoas davam dinheiro ao maltrapilho porque queriam se ver logo longe dele. E que tipo de caridade é essa? Não seria de fato um egoísmo, querer voltar à sua zona de conforto, ao seu mundinho particular, com o cheirinho bom do seu perfume comprado no dutty free na viagem à Miami?
A caridade, e isso me ficou mais claro, trata-se de começar a buscar em si mesmo que esse tipo de redoma, a zona de conforto, é uma forma de miséria em que mergulhamos e que impede de evoluirmos.
Se você está pensando agora "mas eu não sou obrigado a aguentar um bêbado fedorento perto de mim, ninguém é", então a sua zona de conforto está gritando agora para permanecer inabalada. Isso não nos transforma em monstros, mas reconhecer que temos essas fraquezas é o primeiro passo da mudança. É o primeiro passo do crescimento pessoal.
Agora pense em quanta coisa abraçamos pra resolver no trabalho e em casa, de modo que acabamos mergulhando numa espiral sem fim, trabalhando nos finais de semana, dormindo preocupados com um cliente, acordando mais cedo pra terminar um relatório antes de uma reunião. Isso não seria outra falta de caridade conosco mesmo? E o tempo que você precisa com sua esposa, seu filho; e o tempo que você precisa para você mesmo? Resumo da ópera: sabemos dizer não? Sabemos dizer não para nós mesmos?
O reflexo disso ouvimos de pessoas que dizem "nunca mais tive tempo de ver um filme", "não vi meu filho crescer", "eu precisava trazer comida pra casa, nunca faltou nada pra minha família"...
Dizer não muitas vezes doi. Doi no fundo da alma, principalmente porque vemos alguém desapontado porque recusamos fazer ou dar a essa pessoa algo que não passa de uma frivolidade, um mimo.
Não acostumamos mal essa pessoa? Não nos acostumamos mal? O quanto não saber dizer não já nos desgastou no trabalho ou em nossa vida pessoal?
Pois é, meu chapa. A caridade começa aí. Não estou fazendo uma apologia ao egoísmo ou ao ócio, mas veja que se nos doamos totalmente aos outros, se acatamos a opinião deles e não paramos pra pensar no que vai ser melhor para nossas vidas, passamos a ser espelhos dos outros, e meu amigo, isso é natural do ser humano: os outros vão se aproveitar disso. Mesmo que assumam que não, mesmo que inconscientemente.
Todos buscamos a felicidade, e é comum lermos por aí que a felicidade está nas pequenas coisas.
Quando reconhecemos isso, percebemos que na verdade essas pequenas coisas são GRANDES coisas, e nossa saúde, nosso bem estar e nossa paz de espírito fazem parte disso.
Não deixe o "bico" dos outros, desapontados por terem ouvido um não seu, desapontar-lhe. Ajudar um maltrapilho a procurar um emprego - que foi o que aquele padre fez depois, é praticamente salvar uma vida. Mas somos muito limitados uma boa parte de nossas vidas para perceber isso. Precisamos geralmente de um trauma muito grande para se dar conta de que o sofrimento e as frustrações fazem parte da vida, e são o que nos fazem evoluir.
Certa vez, um discípulo e seu mestre escalavam uma montanha. Chegando lá em cima, o discípulo disse:
"Como eu gostaria de viver aqui! Que vista linda! Acredito que poucos no mundo tem o privilégio de morar em um lugar como esse..."
O mestre perguntou:
"O que você vê aqui em cima?"
Ao que o jovem respondeu:
"Florestas, animais, água límpida...Sem dúvida uma linda vista!"
O mestre insistiu:
"Perguntei aqui em cima..."
"Ah...entendi...Bom...Vejo pedras...Rochas, nada mais", respondeu o rapaz, já percebendo o que viria pela frente. O mestre concluiu:
"Lá embaixo você vê a vida. Aqui, nada. Conosco é o mesmo: a vida cresce nos vales. No topo, esperamos glórias instantâneas, que alimentam em nós fantasias e nos impedem de continuarmos evoluindo lá embaixo".
Pense nisso. Exercite isso. Pelo seu bem.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Most Valuable Followers e Connectors

Utilizando seu usuário do Twitter, o aplicativo MVF - Most Valuable Follower pode rankear quem são as cinco pessoas que lhe seguem capazes de abranger o maior número possível de outros usuários com um simples retweet. Ou seja, quão influente é quem lhe segue? Este aplicativo foi lançado no último dia 30/01, e já vem sendo disseminado pelo seu diferencial: analisar não a sua popularidade, mas a dos seus seguidores. Veja em: http://mvfapp.com/
Be a connector and be different!
Recentemente li um artigo que afirma que em vez de networkers, devemos ser connectors. Connectors são aquelas pessoas que parecem conhecer todo mundo, estão sempre dispostas a ajudar e, se não podem, sabem quem pode. Um bom exemplo são aqueles que recebem pelo menos um currículo por dia no seu e-mail. Networking, para a produtora executiva Jill Leiderman, do programa Jimmy Kimmel Live, é algo utilizado para um fim específico e, arrisco dizer, na maioria das vezes pessoal. Ser um connector é algo maior, trata-se de ter paixão por conhecer novas pessoas, ajudá-las, conectá-las, engajá-las.
Se você é um connector, sem dúvida será um MVF.
E trocadilhos à parte, meu objetivo é incluir esse F no meu apelido, de preferência conectando pessoas.