segunda-feira, 28 de março de 2011

Globalização, democracia e consequências

fonte: sjpnews.com.br

Democracia é algo caro. Se demo vem do grego, povo, e cracia significa governo, imagine só um povo governando direta ou indiretamente (por meio de um representante muito bem escolhido...) uma nação. Não se trata só da maioria, mas de um governo feito para todos, com todos participando, todos opinando, um regime participativo extremamente dispendioso.

Kotler, Kartajaya e Setiawan, em Marketing 3.0, mostram o paradoxo que a globalização traz. Claro, se são mais fronteiras se ligando; tecnologias se disseminando milhões de vezes mais rápido que antigamente; consumidores de todo o mundo criticando ou elogiando produtos, marcas e empresas em mídias sociais, chega a ser instintivo associarmos democracia com globalização. Não pensamos ao afirmar algo assim, "sai naturalmente".

E a China?

A China prova o contrário: é possível, sim, um regime socialista de mercado. Eles tiveram uma rápida expansão nas exportações dentro de um período curtíssimo - 25 anos, com um PIB médio de 10% a.a. e ficando hoje atrás só dos Estados Unidos. Os chineses mostraram que pagando um salário médio de 600 RMB (ou yuan) aos seus trabalhadores urbanos, sendo que oito RMB valem R$ 1, é possível globalizar enfrentando o capitalismo.

Lá, os trabalhadores (aqui essa expressão se encaixa mais que "colaboradores", hehe) tem uma jornada de seis dias na semana, e uma semana de férias no ano. Cool.

Fica aí, então, algo a se pensar. Paradoxos como esse mostram que forças internas dos países fervem nesse processo de fronteiras abertas. É normal que surjam atos protecionistas, ou mesmo pedidos desesperados, para conter a tsunami da globalização. No final de fevereiro deste ano, produtores de feijão do Sul do Brasil pediram uma atitude do governo federal a respeito do feijão mandarim. Ni hao! Segundo o portal do agronegócio (http://www.portaldoagronegocio.com.br/), em 3 meses o Brasil importou o equivalente a 8% da produção nacional de feijão.

"Eu provo o feijão, chefe!"

Daqui a pouco importaremos o marmitex inteiro.

6 comentários:

  1. Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo blog, além disso, gostaria de dizer que sou leitor assíduo de outros "blogueiros", sendo assim, você pode ter a certeza que ganhou mais um leitor.

    Gostaria de deixar um post aqui sobre minha completa indignação com relação ao governo brasileiro, o qual não se preocupa com os produtores brasileiros, pois a barreira comercial da Abimaq, por exemplo, só protege produtos os quais são fabricados aqui no Brasil (de mesma capacidade).

    Para exemplificar este cenário, tomemos como exemplo a proteção para os fabricantes de guindastes nacionais, os quais tem proteção do governo para um guindaste de 50 t de capacidade, porém acima desta capacidade não existe proteção, sendo assim os chineses, muito espertos, começaram a exportar guindastes de maior capacidade 70, 90, 120, 200 t. O grande problema é que o guindaste chinês de 70 t custa metade do preço do nacional com capacidade de 70 t.

    É meu caro Marcus, o Brasil poderia ser uma potência maior do que já é, porém estamos muito atrás no quesito democracia (governo do povo para o povo).

    Ronaldo Santoro

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  2. Errata: ... metade do preço do nacional com cpacidade de 50 t.

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  3. MV, parabéns pelo blog! Ótima iniciativa meu amigo.
    Você acha perigoso se tivermos a China como primeira potência mundial?

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  4. Ronaldo, meu amigo, obrigado pelas palavras.
    É realmente um desastre...fico pensando como alcançamos o oitavo lugar no ranking dos PIBs mundiais com essa nossa política. E como subiremos também no ranking. Pelo menos, acontecendo isso já está!
    Forte abraço,
    MV

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  5. Gui,

    veja, a China já superou os Estados Unidos em 2010 na produção industrial (0,4%).
    Mas sinceramente, vamos pensar, os olhos do mundo agora estão voltados ao Brasil. Rússia - máfia e corrupção. Índia - 100 anos para a população parar de crescer, consequentemente, ficar mais velha, e isso é um dos indicadores de desenvolvimento de um país. Atualmente não sei quantos milhõesde pessoas migraram da classe E para a D por lá, e isso é um sinal de crescimento. Mas compare o poder de renda de um brasileiro da classe D e o de um indiano. China - políticas de exportação e trabalho questionáveis.
    Enfim, sobra do BRIC o Brasil. A The Economist teve sua primeira edição no final do século 19, e a edição de maior tiragem da sua história foi uma reportagem recente sobre o Brasil, de 14 páginas! É o mundo inteiro de olho em nós.
    Por isso eu prefiro acreditar que haverá uma despolarização do poder. Que vai acontecer, vai. Todos os caminhos levavam a Roma, right? E hoje?

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