sábado, 20 de agosto de 2011

Medo de falar em público e a psicologia evolutiva - Parte 1

O medo infantil é cruel, pois quase sempre é infundado porque tem sua origem em algo inexistente: monstros debaixo da cama, o homem do lixo, um barulho forte, o escuro.
Em contrapartida, nessas horas os nossos super-heróis estão sempre lá pra nos defender. Quando somos crianças, desenvolvemos nossa confiança frente a essas situações através do acalento materno, do calor do colo de nossos pais. Nessa fase desenvolvemos a chamada autoimagem infantil.
Magoei...


Depois seguimos à fase adulta, e qualquer situação que ative nosso senso de competição, de autorrealização, sexo, decisões difíceis, e outros, ativa a nossa autoimagem adulta.
I need help, mommy...


Por fim, a última das etapas é o momento de nossas vidas em que viramos genitores. O ímpeto de cuidar, de proteger, zelar, criar, ativa essa autoimagem.


Desculpem por ter ficado contra a luz...Mas tinha que aproveitar o momento!!!


Muito bem. Vocês vão entender onde eu quero chegar. Quando passamos por diversas situações na vida, é normal que uma dessas autoimagens se ative. Normal.
O problema é quando alguma delas predomina. O psicólogo italiano Giulio Cesare Giacobbe chama de neurose infantil o predomínio da autoimagem infantil.
Assim, para entrar no tema, pra valer, imaginem-se dentro de uma jaula com um gorila, em um zoológico. O gorila é assassino. O gorila tem uma ficha invejável de 35 vítimas devoradas. O gorila é forte. Muito forte. E você está lá, no fundo da jaula, encurralado, e o zoológico fechado. O que você faz? Corre, apavorado, até acabar sua energia? Tenta barganhar com o gorila sua vida em troca de algumas bananas-prata? Grita como nunca gritou? Finge que é outro gorila?
Pois é... Difícil saber o que fazer, pois a adrenalina preenche cada vaso sanguíneo nosso, dá dor de barriga, e o medo (que, segundo Stephen King, é a primeira coisa que sentimos em nossa vida, ao sair da barriga de nossas mães) nos faz querer tomar atitudes fora da razão; fica parecendo impossível pensar.
Mas é possível pensar, sim. Quem diabos ia se meter dentro de uma jaula com um gorila assassino?
Esse é o ponto: a maioria de nossos medos é sobre algo que não existe. Criamos gorilas na nossa imaginação e os carregamos conosco até a fase adulta, inclusive quando já ultrapassamos a linha da autoimagem de genitores. Daí vem o pavor quando o avião chacoalha e parece que vai cair, ou a sensação de que, quando vamos fazer uma apresentação, aquela plateia de 114 pessoas vai, quando estivermos lá na frente,...eh...uh...vai fazer o que? Bom, não sei. Mas que muita gente tem medo dela, tem.
A psicologia evolutiva é, segundo o psicólogo italiano, uma boa saída para vencer esses gorilas. É o que gostaria de abordar com vocês nos próximos posts. Acompanhem.


Continua...

Um comentário:

  1. MV, parabéns pelo blog! Seu conhecimento está servindo como referência para várias pessoas, inclusive eu. Continue compartilhando seus insights conosco. E, esperamos a segunda parte desde artigo... Abraços e muito sucesso!

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