sexta-feira, 8 de abril de 2011

O que é talento? - Uma visão biológica.


Enquanto a gente estava brincando de modelo, nesse dia, algo muito legal estava acontecendo no cérebro do Heitor, o nosso filhote.
Sessenta dias antes de qualquer neném nascer, ele já está com uma centena de bilhões de neurônios. E é nessa fase que o milagre da formação de nossa personalidade começa a criar asas. Um neurônio começa a se estender em direção ao outro, tentando estabelecer uma comunicação. Esse prolongamento se chama axônio, e quando a comunicação é um sucesso, ocorre então a chamada sinapse.
Pra você ter uma ideia, cada neurônio estabalece em média 15.000 conexões com os outros ao seu redor. E como são centenas de bilhões de neurônios, o número de sinapses deve ser representado por "dez elevado a alguma coisa porque é zero demais".


Isso vai acontecendo até seus 3 anos de vida. Com tantas conexões, você estará apto a receber uma infinidade de estímulos para entender o mundo.
E aí, quando tudo parecia indo às mil maravilhas, seu cérebro começa a fazer o contrário! Entre os 3 e 15 anos, ele te estimula a ignorar uma boa porção dos filamentos que surgiram. Como eles ficam esquecidos, empoeirados, até a meia-idade você já terá perdido bilhões e bilhões de sinapses.

 
"Isso quer dizer que eu fico burro?"

Isso quer dizer que no dia do seu aniversário de 16 anos você acordará com a metade das sinapses em bom estado. Burro, você não fica.
Se a natureza não reduzisse essas conexões, você jamais se tornaria um adulto. Seria como uma criança recebendo estímulos do mundo a todo instante e em todas as direções, mas você não desenvolveria sua percepção, não daria sentido às coisas. Não construiria relacionamentos, não conseguiria sequer pensar com tanta informação chegando e sendo absorvida! Você seria uma criança de memória infinita, como disse o escritor Jorge Luis Borges, que já criou um personagem assim.
E na fase de perda dessas conexões (digamos que elas "murcham"), seu cérebro lhe instiga a recorrer às mais fortes. Então, por exemplo, se você insistia em ser competitivo quando era criança, e assim cresceu, quer dizer que suas conexões relacionadas ao talento da competitividade eram mais fortes e você, então, cresceu com esse talento. Se você pergunta muito, as relacionadas a indagar foram superestimuladas entre os 3 e 15 anos pelo seu próprio cérebro.
E aí surge a explicação das perguntas que advém de nossos talentos:
"Mas isso é tão simples! Como ninguém enxergou essa conta?!"
"Mas será que ninguém está vendo a c* que vai acontecer se formos nessa direção??!!"
"'Poxa...É tão fácil perceber a mensagem subliminar nesse comercial..."
"Eu simplesmente não gostei daquela pessoa, nossos santos não bateram. Não dá pra ver que ela não é confiável?"

Os Ph.D.s Marcus Bukingham e Donald Clifton, do Instituto Gallup, falam que para você entender por que cada pessoa tem uma forma de ver o mundo em cima de talentos advindos do fortalecimento das conexões cerebrais, experimente explicar com a maior eloquência possível a diferença entre verde e vermelho a um daltônico. Não é analogia, é exatamente a mesma coisa. O problema é que nossos talentos parecem tão naturais que soam como se fosse um senso comum.

E não são, não são não.

Eles são da maneira como nossa rede neural se formou, o que nos faz ver o mundo de uma maneira única.

Talento, então, é qualquer padrão recorrente de pensamento que podemos usar a nosso favor e, olha o Darwin aí gente, vem da maneira como nossas sinapses mais fortes e utilizadas se formaram.

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